terça-feira, 4 de junho de 2019

Tipos de ensino: Tradicional, Construtivista, Sócio construtivista, Progressista-humanista



Tipos de ensino: O que os diferencia?



Educação é uma das bases primordiais na vida de uma criança. O direito à educação é previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e é essencial para o pleno desenvolvimento infantil. E na hora de conhecer os tipos de ensino, o que é preciso levar em consideração?

Confira abaixo um resumo de cada proposta pedagógica:

Escola Tradicional
As escolas tradicionais surgiram na Europa do século XVIII e seguem um modelo de ensino e avaliação padronizados. Elas possuem foco no aprendizado voltado para a competitividade de vestibulares, por exemplo, e representam para os pais uma esperança de sucesso no futuro dos filhos.

Acredita que, para formar um estudante crítico e questionador, é necessário se ter uma base sólida de informação.

Porém, pela grande exigência por um alto desempenho dos alunos – que começa ainda na primeira infância – estas escolas passaram a ser questionadas por algumas famílias, educadores e profissionais da área da Educação e Psicologia, por exemplo.

Apesar dos bons resultados atingidos em rankings escolares, instituições de ensino tradicionais podem causar estresse e doenças emocionais em seus alunos com tanta pressão, exigência e excesso de conteúdos. Aumento de nervosismo, crises de insônia e depressão são exemplos de problemas que podem ser gerados pelo grau elevado de cobrança, ainda mais quando ele acontecer antes do amadurecimento da criança.

O ensino tradicional se baseia na tradição conteudista centrada no professor

O ensino tradicional valoriza o conhecimento e, quanto mais conteúdo o aluno aprende, melhor avaliado ele é pela instituição. Além de exigir bom desempenho, as escolas tradicionais tendem a ser mais rígidas também em regras de comportamento, como horário, frequência, uso de uniformes, e atitudes dentro da escola. 

A educação tradicional ainda é a mais procurada em todo o mundo, com filas de espera enormes por vagas em algumas escolas. Muitos pais buscam o ensino tradicional por o considerarem um investimento na vida da criança, como também um incentivo ao cumprimento de regras e costumes mais conservadores.

Escola Construtivista
O Construtivismo é o método alternativo de ensino mais difundido no Brasil. Inspirado nas ideias do psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), esse tipo de ensino foca no aprendizado como construção, onde a criança entende o mundo por assimilação e sempre com uso da sua realidade como referência, ou seja, ela utiliza de conhecimentos que já possui para compreender o novo.

No Construtivismo, a escola não tem um currículo rígido e propõe atividades que ajudam na ampliação do conhecimento infantil já existente.

Construtivismo: autonomia, criatividade e senso crítico da criança ou adolescente

Para Piaget, por exemplo, noções de quantidade, proporção, sequência e volume surgem em momentos diferentes do desenvolvimento infantil e de forma espontânea.

Assim, o aluno é visto como protagonista da aprendizagem, e o professor, como facilitador. Nas escolas desta pedagogia, os estudantes são incentivados a resolverem os problemas antes de o professor mostrar o caminho.

As ideias e teorias de alfabetização da psicóloga argentina e aluna de Piaget, Emilia Ferreiro, também são bases para algumas escolas construtivistas. Ela dizia que o aprendizado começa muito antes da escola e que crianças descobrem a escrita, por exemplo, sem estarem em uma instituição educacional. Ferreiro sugere que grande parte das crianças conseguem descobrir regras da escrita sozinhas, desde que imersas em um ambiente alfabetizante.

Escola Sócioconstrutivista
Vertente do Construtivismo, a escola sócio-construtivista se baseia nas ideias do psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934), que desenvolveu a teoria de que o conhecimento é adquirido a partir das relações interpessoais.

Para os sócio-construtivistas, o papel da linguagem é fundamental

Essa pedagogia acredita que o aluno aprende através da interação com grupos sociais, outros alunos e professores – estes, aliás, atuam como mediadores entre o a criança ou adolescente, seus conhecimentos e o mundo.

Com inspiração em Piaget, a escola sócio-construtivista estimula a criança a aprender a partir de suas experiências. O foco desta pedagogia está também na importância do trabalho e discussão em conjunto entre os alunos para uma melhor compreensão de pontos e vista diferentes.

Escola Progressista-humanista
Também derivada do Construtivismo, trabalha a criança com foco na progressão do seu conhecimento. Com foco na vivência grupal e equilibrada entre alunos e professores, a abordagem valoriza as diferenças e individualidades de cada um.

As relações intra e extraescolares são essenciais nesta pedagogia de ensino

A escola deve estimular o aluno, através do que ele já conhece, a superar desafios e alcançar um nível mais elevado de aprendizado.

Escola Democrática
Uma escola democrática é aquela que se baseia em uma pedagogia libertária, na qual os alunos são os atores centrais do processo educacional e os professores são facilitadores que auxiliam nas atividades, de acordo com o interesse do estudante. Além de usar instrumentos de pesquisa com alunos e pais, questões sobre convivência entre os estudantes ou entre a equipe escolar e a utilização do espaço, por exemplo, são discutidos em assembleias.A escola emprega a democracia e conceitos de cidadania, sempre com foco no estudante.  A linha democrática de ensino dá a alunos, professores, funcionários e pais direitos de participação na instituição.

O princípio da escola é voltado para que a criança tenha uma infância cheia de experiências com elementos da natureza e criação de brinquedos e brincadeiras. Já os alunos maiores, devem ter um espaço que se preocupe com as habilidades cognitivas e conteúdos, como também com as habilidades sócio-emocionais e a formação de valores e princípios.


Escola Montessori
A linha montessoriana, proposta pela médica e pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952), foi uma das primeiras a inserir questões afetivas na educação. No Brasil, somente no final dos anos 80 este método começou a se popularizar.

Maria Montessori elaborou uma teoria científica do desenvolvimento infantil com proposta pedagógica em um ensino ativo, no qual a criança cria um senso de responsabilidade a partir de seu próprio aprendizado. Primeira mulher italiana a se formar em medicina, ela dizia que o ambiente precisa ser rico em estímulos que despertem o interesse para a atividade e convidem a criança a conduzir suas próprias experiências.

A pedagogia montessoriana acredita que a concentração e o desenvolvimento infantil acontecem através da manipulação de objetos. Na sala de aula, tudo deve estar à altura das mãos das crianças e o professor é considerado um guia para o aprendizado.

Edimara Lima, diretora pedagógica da Prima Escola Montessori, em São Paulo, explica que ser montessoriano é, antes de tudo, ser um estudioso. “Um dos princípios de Montessori é a Educação Científica, isto nos obriga a estudar e inserir no nosso cotidiano as conquistas, descobertas e pesquisas da Psicologia, da Pediatria, e hoje da Neurologia mais do que tudo”, diz.

A escola, que recebe crianças do berçário (a partir de quatro meses) ao Ensino Fundamental 2, segue totalmente a linha montessoriana, com base em observar, buscar embasamento teórico e intervir. “Na sala montessoriana, como me explicou um garoto de quatro anos, ‘a gente brinca e a professora olha’. Isto permite que cada um mantenha seu ritmo de aprendizagem, sem pressões demasiadas ou cobranças descabidas, cada um tem seu tempo e o apoio necessário para trabalhar a si mesmo”, explica Edimara.

A pedagoga, que também faz parte do Conselho Nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia, diz que a escola montessoriana é uma grande vivência democrática, construída e reconstruída cotidianamente, mas com limites. “As crianças e os jovens devem ser autores do aprender e explorarem suas potencialidades e talentos, mas isso não se aprende ouvindo, mas sim vivendo”, conclui.

Acesso a pedagogias alternativas
No Brasil, as escolas com pedagogias alternativas de ensino são geralmente particulares, ou seja, gera um custo (às vezes bem alto) para as famílias e, por isso, não são acessíveis a tantos alunos.

Porém, em São Paulo, já há escolas públicas com foco neste tipo de ensino, como é o caso da Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima. A mudança para o atual projeto pedagógico, que segue a linha construtivista, foi aprovada e inserida na instituição pela diretora Ana Elisa Siqueira, com colaboração de pais, professores e alunos.

Com inspiração na Escola da Ponte, em Portugal, na Amorim Lima, cada aluno tem um educador tutor, que é responsável pela avaliação do estudante e o auxilia em todas as atividades. Lá, não há aulas expositivas (com exceção nas disciplinas de matemática, oficina de texto e inglês), e os alunos recebem roteiros com perguntas e tarefas que devem ser respondidas ou desenvolvidas por ele individualmente ou em grupo. Neste sistema, não há provas comuns, já que o conhecimento do estudante é avaliado pela qualidade destes roteiros e pela sua participação na escola.


https://lunetas.com.br/saiba-diferenciar-tipos-de-ensino-e-acerte-na-escolha-por-escola/

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Sugestão de Leitura


A elaboração deste texto, inicialmente, prendeu-se à necessidade de se utilizar, em sala de aula, um livro que versasse sobre as diversas tendências e práticas da educação, que fizesse uso de uma linguagem fácil, descomplicada, que englobasse ideias pedagógicas de diferentes épocas e de autores consagrados, com uma visão holística, sem perder o senso crítico. O livro enfoca as principais epistemologias (teorias do conhecimento), com suas tendências e práticas pedagógicas, desde a Idade Moderna da Europa Ocidental (séculos XV ao XVIII), com o objetivo de fornecer bases iniciais, ajudando a levar o leitor à reflexão sobre as diversas tendências pedagógicas e, em última instância, de contribuir para a popularização do conhecimento, como pensava o filósofo Antonio Gramsci, no início do século XX.